domingo, 15 de outubro de 2023

Quando Outubro deixou de ser triste...

 

Outubro durante anos foi o mês mais triste da minha vida.

Não sabia o que havia de fazer com as namoradas de Verão e via-as a escaparem por entre os dedos. A "magia do amor" acabara... 

Eram amores que não resistiam ao frio. Provavelmente o problema era meu.

Até que apareceste tu. Ficaste para lá se Setembro. 

Em Outubro ainda fomos à praia, agasalhados e abraçados.

E depois tínhamos chá quente à nossa espera na velha casa amarela...


domingo, 3 de setembro de 2023

Setembro era diferente...


Setembro era diferente (agora é tudo mais igual).

Não sonho contigo, muito, mas ainda te vejo a correr à minha frente, de vestido leve e esvoaçante. 

Adorava as tuas caretas. 

Acho que gostava de tudo em ti durante o Verão...


quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O Agosto em Lisboa já não é o mesmo...


Se as temperaturas não fossem tão altas como são nos nossos dias, Agosto era óptimo para se estar nas cidades.


Muita coisa mudou. E não foi só o calor...

A febre do turismo acabou com a ausência de pessoas.

O Agosto em Lisboa não é a mesma coisa. As multidões parecem ainda maiores, que nos meses normais. É só gente de calções e vestidos leves, que tiram mais retratos do que olham para as coisas...


segunda-feira, 10 de julho de 2023

Quando gostava de praia...


Quando gostava de praia gostava de Julho.

Não havia tanta gente como em Agosto e o calor era igual.

Como agora gosto mais de Mar que de praia, qualquer estação é agradável para estar...


quarta-feira, 21 de junho de 2023

o calor e as ilusões...

 

O calor em excesso cansa, chateia, aborrece.



Até o amor fica para depois, quando a frescura chega, de madrugada.

Gosto do mar, mas não dele cheio de gente à sua volta.

Estou a ficar cada vez mais estranho. 

Não sei se pintar o cabelo resolve alguma coisa, me dá os anos que vou perdendo, aqui e ali.

Claro que sei que não resolve nada, mas nunca perdemos a mania de viver de ilusões, pequenas ou grandes...


sábado, 20 de maio de 2023

não sei quase nada de maio


 Não sei quase nada de Maio.



Não percebo de plantas e de flores.

Sei só que é um mês bonito, cheiroso, agradável.

Sim, em parte, isso basta-me.


domingo, 23 de abril de 2023

Cravos, sonhos? não obrigado.

 Abril pode ter mais ou menos cravos.



Abril pode cheirar, ou não, a liberdade.

Abril pode ser esperança ou outra coisa qualquer...

Mas por favor, não me falem mais em sonhos de Abril.

Queria sim, mais realidade, mais democracia, mais igualdade.


sexta-feira, 17 de março de 2023

Na rua logo pela manhã...


Levantou-se cedo. Saiu de casa ainda antes das nove.


Quando a encontrei, perguntei-lhe o que fazia uma artista àquela hora na rua.

Sorriu de forma luminosa, coisa rara nas manhãs. E disse-me apenas bom dia.

Só depois do almoço é que nos encontrámos, no nosso café.  E soube que tinha ido a um casting para uma série das américas.

Perguntei-lhe como correra. Não sabia. Nunca sabe. 

Só depois de receber o telefonema da agência é que fica a saber se sim ou não. Disse que é sempre assim. 

Acendeu um cigarro e disse que depois de mais de uma centena de castings, as perspectivas são sempre baixas. Tudo o que vier é ganho, mas não adianta querer ultrapassar o tempo nem ter demasiadas esperanças.

Não lhe disse, mas continuo sem saber como é que há tanta gente por aí que quer ser artista...


sábado, 25 de fevereiro de 2023

Combater a Solidão com uma viola...


Finge que trabalha, das nove às cinco.




Mas é mentira, onde de facto trabalha é em casa, para preparar mais uma noitada no bar do Rui, com canções diferentes, para pessoas diferentes.

Está lá das vinte e duas às duas da matina. E depois casa. Gosta do cansaço que sente e de mal se deita na cama, adormecer de seguida, até ao toque do despertador.

É assim há pelo menos doze anos, desde que o seu casamento acabou, quando a mulher preferiu roubar o marido da prima. 

Nunca mais conseguiu ter uma mulher por mais de uma noite.

Escreve muitos poemas sobre essas mulheres, fatais e fatalistas. Mas sabe que nunca mais confiará em nenhuma...


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Parece que já não há anos novos...


Por muito que nos esforcemos em pensar que sim, há muito tempo que já não existem anos novos.




É tudo ilusão, criada pelo esperto do inventor dos calendários.

Mas todos queremos pensar que sim, vamos mudar alguma coisa, nem que seja no cabeleireiro e no pronto a vestir. 

E também podemos mudar o móvel de sala para o lado oposto...

Vamos lá fingir que sim, que começa tudo de novo.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Vende-se e Compra-se Tudo, com e sem saldos...

 

Nada muda em Dezembro.




Nem mesmo as músicas ou os barbudos vestidos de vermelho, cujo trabalho deve ser ligeiramente chato, por muito feliz que se seja.

Os ordenados são duplicados para ver se conseguimos gastar o triplo de outro mês banal.

Quem não gosta de presentes nem de ser empurrado para o que quer que seja, sente-se ligeiramente incomodado com um mês que dura cada vez mais meses (já são pelo menos três...).


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A Vida a Espaços pode ser Bela... espaços curtos, eu sei...

 

Ontem vi a "Bela da Aldeia".


Tinham passado mais de trinta anos. Curiosamente, continuava bela. a espaços. O meu primo disse que ela estava muito "estragada". Não concordei nada.

Mas eu era de outro mundo, gostava mais de rugas que de operações plásticas.

Olhámo-nos nos olhos por momentos e sorrimos. O homem que a acompanhava devia ser o marido. Também me olhou, mas sem sorrisos.

Depois viajei no tempo... Foi bom reencontrar-nos quando éramos mais inocentes e espontâneos.

A vida a espaços pode ser bela.... espaços curtos, eu sei...