quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Onde Anda o Natal?


Mais um Dezembro com um Natal estranho.



As pessoas tentam fingir que está tudo normal, mas é tudo diferente.

A vida mudou, aliás, mudaram-nos a vida... O curioso é que as crianças vêm esta questão de uma maneira, os adolescentes de outra, os adultos, idem aspas aspas. Mas os velhos são quem nota mais diferenças, são os que sentem mais o começo do fim...


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

O Silêncio voltou às Ruas...


Estamos em Novembro e o silêncio está a voltar novamente às ruas, para desânimo dos comerciantes.

Pensámos ir finalmente a Veneza.



Sabemos que as ruas voltaram a estar quase limpas de turistas. 

Claro que a luz de Novembro não é a mesma de Abril ou Maio, mas não se pode ter tudo.


quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Laura, a Mulher que Pinta as ruas do Bairro de Preto


A conversa era absurda, como são tantas conversas entre homens sobre as mulheres.



Falava-se sobre a Laura, a viúva mais jovem do bairro, que ainda não ultrapassara os quarenta.

Um deles disse que era uma tristeza as mulheres enviuvarem demasiado cedo. Outro nem por isso. Só via vantagens nestas mulheres temporariamente sós, por continuarem com o fogo no corpo. Acrescentando que era por isso que era bombeiro.

Percebemos todos que quis ter graça, mas só conseguiu ser ordinário. 

Sabíamos que a Laura precisava de muito mais que um desgraçado de um bombeiro, que nem sequer conseguia ser engraçado, numa mesa de café...


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Uma Noite só Para Ouvir...


Era uma rapariga complicada, a pintora da Rua 13. 




Sempre que passo na rua que tem um nome de pessoa mas que sempre foi conhecida pela malta por este número da sorte e do azar, lembro-me dela.

Muito nervosa e arisca, só falava sobre livros e artes. Caminhava para os trinta e não se lhe conhecia um relacionamento, masculino ou feminino.

Um dia calhou beber mais que a conta e escolher-me como confidente.

Fiquei a saber quem era mãe (à época uma jornalista conhecida, que ela detestava, e foi por isso que aos 14 anos foi viver com o pai, publicitário e artista plástico quando lhe apetecia).

Não se arrepende nem um pouco da decisão. Detestava viver longe do pai e não aceitava que a mãe trouxesse tantos homens diferentes para dentro do seu quarto, mesmo que apenas conhecesse a voz da maioria. 

O pai não era um homem de afectos, mas era bom e inteligente. Ajudou-a a crescer, levava-a a museus e também visitavam ateliers de amigos pintores. Mas o melhor de tudo, era a pequena casa ser só dos dois. Enquanto viveram juntos, nunca levou para o seu quarto uma mulher.

Apeteceu-me dizer-lhe que somos diferentes e temos necessidades diferentes, mas aquela noite era só para ouvir...


domingo, 15 de agosto de 2021

Acontece com Quase Todos


Nunca esqueceu as palavras daquela mulher quase casada: «Não podemos estragar o pouco que temos.»



Palavras ditas quando estavam a ficar perigosamente próximos.

A partir daí foi demasiado visível o seu afastamento. Mas não fez nada para "encurtar distâncias". Há uns dias que se arrepende, outros nem por isso.

Soube mais tarde que ela estava a viver sozinha com um filhote de meses. O casamento estava longe de ser o que imaginava. Acontece com quase todos.

Mas nunca mais se conseguiu aproximar. De longe a longe cruzam-se nas ruas, cumprimentam-se, trocam palavras de circunstâncias e fingem que "não se passa nada" dentro deles...


quarta-feira, 21 de julho de 2021

Os Nossos Olhos Só Vêm o que Querem Ver


A esplanada do café, que noutros tempos tinha um "iman" e puxava para as suas mesas que gostava de ler, escrever, pintar ou simplesmente de olhar.



Foi a explicação que deu à companheira, quando esta começou a fazer contas e a querer "mudar" a cidade e o país.

Não, aquelas pessoas não podiam entrar em estudos sociológicos. Era bom ver naquele raio de vinte metros, entre as 16 que ocupavam as várias mesas do café, ainda com distanciamento físico,  5 a ler jornais (mesmo que fosse o único jornal que se vê ler, mais dois desportivos...), três a lerem livros, as restantes a conversar, com a excepção de uma moça, dos seus trinta e alguns anos, que sozinha na mesa, viajava dentro do seu "smartfone".

Ela abanou a cabeça, que sim, realmente era leitura a mais para um país que prefere que lhe contem as notícias, na televisão e na rádio.


domingo, 13 de junho de 2021

"Enquanto durou foi bom..."

 

Eras tudo o que eu sonhara...


Foi um Junho diferente, com santos populares em Alfama, banhos nocturnos em Cascais, passeios pedestres na Serra de Sintra, e outras coisas, melhores.

Depois fugiste... E eu percebi pela primeira vez o significado da expressão: "enquanto durou foi bom..."


quinta-feira, 20 de maio de 2021

Gosto de te ver na Varanda...

 

Não passo pela tua rua, de propósito.

O caminho é quase obrigatório, por que é o mais perto.



Mas gosto de te ver na varanda.

O dia corre logo melhor.

Não precisamos de palavras. Basta a troca de olhares.

E sim, é pouco, mas só isso, faz-me feliz...


domingo, 25 de abril de 2021

Abril é Esperança. Abril é Liberdade.

 

Abril é esperança. 

Sempre foi.



Não é por acaso que é o mês da Revolução, da Liberdade...


quinta-feira, 18 de março de 2021

O Medo, o Vazio...

 É quase bizarro, ver o café vazio.


O medo tomou conta das nossas vidas. 

Sinto falta das vozes das pessoas, do barulho das chávenas, dos passos para trás e para a frente das empregadas.

Sinto falta da confusão diária...


sábado, 20 de fevereiro de 2021

Saudades Improváveis...


 As pessoas dos bairros antigos nunca pensaram vir a sentir saudades dos turistas.



A pasmaceira tornou-se triste, o silêncio um pesadelo, as portas fechadas o princípio de qualquer fim...


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Quase Nada para Dizer...


As ruas continuam frias e desertas, 



os candeeiros são reflexos de solidão...

A estação estava deserta. 


Eu? Fumei um cigarro antes de apanhar o último comboio...