terça-feira, 15 de dezembro de 2015

«Não. Não tenho carro.»


Menti. Gosto de mentir.


Disse à moçoila loura que não tinha carro, depois de uma tentativa frustrada de "engate".
Talvez sejam resquícios de uma educação machista, mas não gosto de mulheres descaradas, capazes de subirem a saia e baixarem o decote enquanto nos tentam seduzir.

Para ela depois me ver desaparecer  na viatura, ainda por cima bem acompanhado. Talvez tenha pensado que o carro era dela. Ou então ficou a saber que quando quero, sou mentiroso.

Não tenho pachorra para gente interesseira. Nunca tive. Agora a coisa está pior, está no negativo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Um Chá e um Doce


Gostei de tomar chá contigo.


Gostei de dar a volta às nossas vidas, com um sorriso traquina.

Ficámos quase a saber os nossos segredos, quase.

Talvez seja da aproximação de ambos do que chamam idade da sabedoria.

E pensar que tudo começou ao vermos em silêncio, quase encostados, o filme de Nanni Moretti, capaz de dar motivos para tantas viagens pela vidinha nossa e dos outros...

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O Sol de Outono


O Sol de Outono ainda é capaz de nos aquecer o coração, se estivermos no lugar certo, à hora certa.


Só percebi que eras quase bonita, quando baixaste a guarda que te protegia do Sol. A tua mão cheia de anéis substituía os óculos escuros.

Continuei a andar e entrei no café. Seguiste-me os passos e não foste para muito longe nem ficaste de costas.

Trocámos olhares distraídos. Percebi que os teus olhos eram claros e estavas cada vez menos distante.

Tinha prometido a mim mesmo que não metia conversa com ninguém num café. Isso era coisa do século passado.

Infelizmente também deixara de ser permitido fumar nos lugares por onde me perdia. Foi por isso que nunca mais andei com uma caixa de fósforos no bolso. Tu devias fumar. Não sei porquê, mas descobri em ti algo que me dizia que eras uma fumadora.

Ainda peguei numa moeda, mas faltou-me a coragem para jogar "cara ou coroa"...

sábado, 19 de setembro de 2015

É a Coltura Estúpido!


Às vezes penso que sou uma espécie de acompanhante cultural.


Telefonas-me e convidas-me para ir ao teatro, cinema ou à inauguração de uma exposição.
Sei que também já me convidaste para ir a um certo bar, e eu recusei.

Talvez devesse "pôr mais fichas"...
Não sei. Sabemos menos de nós e dos outros do que pensamos.

Embora já tenha chegado à conclusão que ser "guia cultural" pode ser menos prazenteiro, mas não deixa de ser também mais cómodo e barato.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Não me Apeteceu Responder-te


O sms era quase doce, nem parecia teu.


Acho que foi por isso que não te respondi.
Não és a única "croma" difícil...

Sei que às vezes as coisas acabam mal começam.  Pode parecer estranho, mas é o que acontece a todas as coisas que vêm de gente pouco normalizada.

Mesmo assim acho que não devemos mudar. 
Mudar para quê?

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Não Queremos as Mesmas Coisas


É óbvio que não queremos as mesmas coisas.


Já percebi que tens uma vida demasiado certinha. Ou então disfarças bem.

Embora já não esteja na idade da maluquice, não sou de ficar depois do jantar a ver a telenovela. Sou mais de fingir que vou passear o cão, um sujeito invisível que é capaz de me levar para lugares do caraças.

Talvez sejas demasiado "antiga" para o meu gosto. Ou então, simplesmente não te apetece sair do teu canto quente...

terça-feira, 23 de junho de 2015

De Quem Não me Esqueci...


Escrevo por aqui coisas sobretudo de quem não esqueci....
Umas de ontem e outras de quase hoje.


A idade dá-nos alguma serenidade.
E também sabedoria em relação ao mundo nosso e dos outros.

As pessoas mais difíceis são aquelas que levam mais porrada da vida e de quem não sabe amar. 
Tu estás nesses lado. Ainda não me contaste. Se calhar não vais contar. Mas ele fez-te mal, e não foi embora, ainda te assombra o coração.

Há tanta coisa que nos separa de vós, mulheres. Uma delas é a forma displicente com que tratamos as coisas do passado. Inventamos distracções para andarmos longe, mesmo que utilizemos bebidas fortes para mudarmos de continente. 

Mas fazes-me bem. Sorris e falas sem parar, daquilo que queres, claro. 

Se eu te fizesse assim tão bem, talvez não fugisses tanto...

domingo, 31 de maio de 2015

A Matreirice do teu Olhar


Tanta matreirice nesse olhar quente...



Fui disfarçando, fingindo alguma indiferença. Mas quando te deixei à porta de casa não resisti e puxei-te para mim e tentei provar-te a boca.

Fugiste e sobrou-me o pescoço que lambi, quase desolado. Sorriste-me agarrada às minhas mãos. Quase a dizer que quem manda és tu...

Eu sei, as mulheres mandam sempre, mesmo quando dizem não e quase que entram dentro de nós... 

Da próxima vez que nos encontrarmos vou-te dizer que somos velhos demais para sermos namorados, só nos resta mesmo ser amantes.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Tempo não Te Perdoou...


Olhei-te, primeiro na dúvida, depois na certeza. Eras mesmo tu.


Estava diferente. Quase ao contrário de quando te conheci.

Nesse tempo querias crescer, foi por isso que me trocaste por um homem mais velho...

Agora andavas com um rapazito que podia ser teu filho.

Não sei se foi a vida que não te ensinou quase nada, se foste tu, que lhe viraste costas...

Não tive pena de ti, não sorri, não abanei a cabeça. Lembrei-me apenas que são as aves que têm penas (e não as galinhas...).

terça-feira, 31 de março de 2015

O Corpo que se Tem e o que se Deseja


As modas são terríveis.


Sempre achaste que tinhas os seios pequenos e que devias fazer um implante.

Eu dizia-te que não, sem te convencer. Até me chamavas mentiroso.

Depois desaparecemos do corpo um do outro, mas sei que com o teu primeiro filho, ficaste com as maminhas com que sonharas.

Felizmente a natureza substituiu o bisturi.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Quando não Sabemos o que Queremos...


Quando não sabemos o que queremos, esperamos a boleia do acaso.



Nem precisamos de acreditar no destino, apenas nos golpes de sorte ou azar.

Claro que da maneira com te vestiste (não me lembrava de te ver de saia ou vestido), havia algo mais no ar. Algo que não conseguimos concretizar em nada de palpável.

Medo? Provavelmente.

Medo de nos "aleijarmos", fruto de uma maior consciência dos perigos que se correm ao avançar-se rápido demais.
Foi por isso que quase ficámos parados. Só falámos. Tu mais que eu. E bebemos apenas sumo de laranja natural.

Mesmo que ambos precisássemos de mais que uma conversa de amigos. Senti mais que uma vez o brilho dos teus olhos, que achei mais bonitos que de outras vezes.

Mas ninguém avançou para os terrenos perigosos onde os homens e as mulheres se perdem e se ganham. Tivemos medo de perder o que existe...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Os Encontros e os Desencontros


A vida é tão estranha. 


Sei que te podia encontrar em qualquer lugar, vinte anos depois.
Ou podia nunca mais te olhar.

Quando te vi, acompanhada, olhei-te nos olhos. Tu também. Mas não fui capaz de dizer nada. Tu também.
Mas era impossível esquecer-te, ali naquele lugar, naquele momento.

Foste a minha única namorada que era cobiçada por meio mundo. Alguns rapazes mais presos ao espelho, chegaram a desabafar não perceber o que conseguias ver em mim...

Nessa altura não pensava em nada muito sério. Queria apenas aproveitar o momento, partilhar contigo algumas das coisas boas da vida...

E agora estavas ali, em silêncio, a tentar não olhar para mim, sabe-se lá porquê...