sábado, 21 de dezembro de 2024

Ninguém te disse, mas o amor é outra coisa...


Não sei quando começaste a fugir de mim.


Ou talvez saiba. 
Era um rapaz distraído. Bastante distraído. Mas não abusemos.

Percebi que querias mais do que eu te podia dar. 

Era demasiado livre para o teu gosto.

Se pudesses, até na cama, colocavas "algemas". E fechavas vezes de mais a porta da rua por dentro e escondias a chave.

Olho para trás e penso que ninguém te disse, mas o amor é outra coisa, pelo menos para mim...


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O vinho de São Martinho e o teu olhar


Tínhamos quase dezoito anos.


Festejava-se o São Martinho, com uma fogueira, havia também uma caldeira enorme onde aqueciam vinho.

Havia tradições estranhas. Ainda há. Nunca conseguimos deixar de ser estranhos.

Fomos quase obrigados a beber aquela pinga quente, que eras capaz de dar a volta à barriga de qualquer um, desprevenido. Ou se insistissemos, num outro copo, ficarmos demasiado alegres.

Acho que só bebemos um copo.

Recordo apenas o teu sorriso iluminado pelo fogo, que te dava um ar mais selvagem, roubando-te a inocência que ainda possuias, enquanto fumavas um cigarro... 


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Foi tudo tão simples...


Foi tudo tão simples.


Sim, o mundo era muito mais complicado que nós.

Transportavas um polvo que compraste directamente ao pescador da nossa rua, amigo do teu pai.

Olhámos um para o outro, falei da coisa esquisita que transportavas no saco, sorriste e falaste da coisa deliciosa, que a tua avó fazia no forno.

Até as nossas palavras eram simples, sem quererem chegar a lado nenhum.

Chegámos à esquina e despedimo-nos, sem sabermos um nome ou um lugar onde seria possível, continuar aquela conversa que parecia distante dos amores...


quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Olá Setembro...


O vento é o que recordo do Setembro da minha adolescência, passado rente a um mar cada vez mais vazio de pessoas.



Também me lembro dos dias a encurtarem... na tua companhia.

Deixávamos o mar, dávamos uma volta na companhia da lagoa e depois subiamos na direcção à tua casa. Levávamos as bicicletas à mão, trocávamos beijos apaixonados que tornavam aquela subida interminável...

Deixava-te no cruzamento entre o centro da aldeia e a tua casa.

Via-te ficares cada vez mais longe. Olhavas e a acenavas-me de dez em dez metros...

Éramos felizes e sabíamos.


sexta-feira, 9 de agosto de 2024

A malta ainda não percebeu, mas hoje já é tarde...


Olho à minha volta e sinto que a malta ainda não percebeu.

Sim, se não mudarmos os nossos hábitos, estamos bem lixados com a nossa vidinha.

Não é preciso ouvir os especialistas, basta sentir todo este calor abrasador no corpo, para perceber que hoje já tarde.

Sim, e se não queremos ser nós a mudar, a natureza vai obrigar-nos a mudar, à força.

Não sei é quantos iremos resistir, até lá...


sexta-feira, 5 de julho de 2024

E agora?


E agora?

Não me apetece ir à praia.

Comecei a gostar da praia no Outono e no Inverno e nunca mais me habituei a andar, de roupa interior, pela areia.

Não sei se é por já ter uma barriguinha e não ser o "adónis" dos vinte anos.

Mas acho que não. É mesmo por não me apetecer estar num lugar onde se ouvem mais as vozes das pessoas que o mar...

E gosto cada vez menos dos fulanos que ocupam toda a margem com chapéus de sol e nos cortam a vista das ondas...

Talvez esteja a ficar velho...


quarta-feira, 12 de junho de 2024

Coisas que se dizem e ficam para a vida...


Era adolescente. Não, com dezoito anos, já somos adultos. 

Ou pelo menos pensamos que somos...

Havia um filósofo no meu terceiro emprego, conhecido por todos como o "Dóctor", mesmo sem ter qualquer curso. 

Todos aqueles que tirou na ruas lisboetas, não contam...

Fazia-lhe confusão a minha inocência, foi por isso que me tentou educar e fazer um "bom malandro". 

Nunca o conseguiu, totalmente.

Mas nunca esqueço a sua máxima, curta mas tão verdadeira: "Não te esqueças, nunca. As mulheres querem é namorar, enquanto nós, queremos é foder."

Só não me contou que existam algumas boas excepções...


quarta-feira, 15 de maio de 2024

As ruas estão mais leves

 

As ruas estão mais leves.


As pessoas gostam de andar mais leves.

E ainda bem...



sexta-feira, 19 de abril de 2024

Abril é Abril...


Abril é Abril...


Com ou sem revoluções.

Tudo começa a florir, até os nossos corações...



sexta-feira, 15 de março de 2024

Tudo fica mais agradável aos olhos...

Chove. Faz Sol. 

Frio nem por isso.

É a Primavera que se aproxima... Tudo fica mais agradável aos olhos...


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

O vendedor de castanhas da esquina

 

As castanhas continuam a saber bem com o frio.


Mesmo que as maquinetas sejam diferentes e já não se embrulhem as castanhas, com as folhas das desaparecidas páginas amarelas, é como se andasse atrás no tempo. 

E nem o fumo é desagradável...


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Por muito que se tente disfarçar...


Os anos passam, cada vez mais violentos e menos humanos.

Por muito que se tente disfarçar, há um retrocesso civilizacional, em todos os continentes.

As guerras mortíferas são o sinal mais grave. Mas as alterações climáticas são outra "guerra", que parece perdida. Ninguém leva a sério a resposta da natureza aos nossos devaneios.

Não sei até quando. Já não espaço de manobra para os "negacionistas"...