segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Trás-os-Montes não é o Circo


É difícil começar a falar de um lugar que quase não conheço, porque sempre foi o mais longe do "meu mundo português".


O pai saiu de lá assim que pode, sem muita vontade de voltar.
Nem nunca passei lá as férias que devia, fui meia-dúzia de vezes à festa da aldeia e lembro-me de ficar todo lambuzado com os beijos das velhas, vestidas quase todas de negro.

Mesmo com todo este "desamor" fui capaz de defender todas as mulheres daquela região pobre, com problemas maiores que no Sul, por exemplo, por nunca se terem libertado do poder clerical. Isso aconteceu há uns bons vinte anos.
Estava numa sala de trabalho e uns "estrangeirados da treta" (continua a ver-se muito disso neste país, gente que gosta de falar do que não sabe nem conhece...) começaram a inventar factos, quando chegaram a Trás-os-Montes, encheram as mulheres de bigodes de pelos nas axilas e pernas.
Farto daquela conversa ordinária, perguntei-lhes se alguma vez tinham estado naquela região. Olharam uns para os outros e nenhum teve coragem de dizer que sim, de mentir.
Foi então que lhes disse que conhecia as mulheres de Trás-os-Montes e não tinham aquelas características. 
O silêncio só se quebrou quando eu acrescentei que a única mulher parecida que tinha visto foi num cartaz de circo e essa até tinha barba.

Lá voltaram os sorrisos, mesmo que alguns fossem amarelos.

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