Chove. Faz Sol.
Frio nem por isso.
É a Primavera que se aproxima... Tudo fica mais agradável aos olhos...
"Se tivesse que me descrever, diria que sou uma pessoa à procura de palavras e que às vezes as encontra..." (Dinis Machado)
Chove. Faz Sol.
Frio nem por isso.
É a Primavera que se aproxima... Tudo fica mais agradável aos olhos...
As castanhas continuam a saber bem com o frio.
Mesmo que as maquinetas sejam diferentes e já não se embrulhem as castanhas, com as folhas das desaparecidas páginas amarelas, é como se andasse atrás no tempo.
E nem o fumo é desagradável...
Os anos passam, cada vez mais violentos e menos humanos.
Por muito que se tente disfarçar, há um retrocesso civilizacional, em todos os continentes.
As guerras mortíferas são o sinal mais grave. Mas as alterações climáticas são outra "guerra", que parece perdida. Ninguém leva a sério a resposta da natureza aos nossos devaneios.
Não sei até quando. Já não espaço de manobra para os "negacionistas"...
Perguntaste-me se ainda gostava de receber livros no Natal.
Disse que sim. Mas não apenas no Natal. Gosto de pensar que o Natal é quando cada um de nós quiser...
Com alguma lata disseste preferir um perfume, que acabara de passar na televisão.
Sorrimos os dois, com a cumplicidade dos amantes.
O mais giro foi que no dia seguinte tivemos a mesma ideia. Eu recebi um livro, tu recebeste um perfume.
Hoje bebi mais do que devia.
Não foi por ser o mês de São Martinho, que o fiz. O mais curioso foi o sabor do vinho me ter recordado da primeira vez que bebi vinho tinto, quente, à volta de uma fogueira. Devia estar no começo da adolescência e penso que terá sido num daqueles madeiros que ficavam a arder do Natal até ao Ano Novo.
Mas não tenho certezas. Também não te vi a duplicar (como a imagem sugere).
A única certeza é de que o vinho tinto de hoje é quase todo ele poderoso, de 14 graus para cima.
Outubro durante anos foi o mês mais triste da minha vida.
Não sabia o que havia de fazer com as namoradas de Verão e via-as a escaparem por entre os dedos. A "magia do amor" acabara...
Eram amores que não resistiam ao frio. Provavelmente o problema era meu.
Até que apareceste tu. Ficaste para lá se Setembro.
Em Outubro ainda fomos à praia, agasalhados e abraçados.
E depois tínhamos chá quente à nossa espera na velha casa amarela...
Setembro era diferente (agora é tudo mais igual).
Não sonho contigo, muito, mas ainda te vejo a correr à minha frente, de vestido leve e esvoaçante.
Adorava as tuas caretas.
Acho que gostava de tudo em ti durante o Verão...
Se as temperaturas não fossem tão altas como são nos nossos dias, Agosto era óptimo para se estar nas cidades.
Muita coisa mudou. E não foi só o calor...
A febre do turismo acabou com a ausência de pessoas.
O Agosto em Lisboa não é a mesma coisa. As multidões parecem ainda maiores, que nos meses normais. É só gente de calções e vestidos leves, que tiram mais retratos do que olham para as coisas...
Quando gostava de praia gostava de Julho.
Não havia tanta gente como em Agosto e o calor era igual.
Como agora gosto mais de Mar que de praia, qualquer estação é agradável para estar...
O calor em excesso cansa, chateia, aborrece.
Até o amor fica para depois, quando a frescura chega, de madrugada.
Gosto do mar, mas não dele cheio de gente à sua volta.
Estou a ficar cada vez mais estranho.
Não sei se pintar o cabelo resolve alguma coisa, me dá os anos que vou perdendo, aqui e ali.
Claro que sei que não resolve nada, mas nunca perdemos a mania de viver de ilusões, pequenas ou grandes...
Não sei quase nada de Maio.
Não percebo de plantas e de flores.
Sei só que é um mês bonito, cheiroso, agradável.
Sim, em parte, isso basta-me.
Abril pode ter mais ou menos cravos.
Abril pode cheirar, ou não, a liberdade.
Abril pode ser esperança ou outra coisa qualquer...
Mas por favor, não me falem mais em sonhos de Abril.
Queria sim, mais realidade, mais democracia, mais igualdade.